Partindo de Rio Branco (ponte que marca a fronteira entre Brasil e Uruguai) |
O plano inicial era visitarmos a famosa Rivera; porém, graças a uma falha no GPS (negligenciamos o fato de que o céu estava encoberto, o que impossibilita a comunicação via satélite que orienta o dispositivo), ficamos - por aproximadamente três horas - rodando por curvas sinuosas sem chegar a lugar algum, embrenhando no desconhecido sem avistar qualquer tipo de civilização. Por fim, resolvemos retroceder, encontrando um posto de gasolina. Para nosso desânimo, o frentista nos informou que para atingir nosso almejado destino deveríamos enfrentar mais 600 km de viagem - o que era obviamente inviável, já que nosso plano era retornar para casa naquele mesmo dia. Nesse momento, por meio da sugestão de um dos frentistas, alteramos nossa rota, seguindo então para Jaguarão/Rio Branco. E certamente não trouxemos nenhum arrependimento dessa decisão - em relação às compras, pelo menos.
Na ida, deparei-me com paisagens bucólicas que me fizeram perder o fôlego.... Um lugar esquecido pela mão de aço dos homens. Chegando lá, a surpresa: enquanto as lojas da rua que compõe o centro comercial da cidade ostentavam imponência e riqueza, a cidade em si exalava um odor pungente da mais degradante miséria. Inúmeros animais abandonados caminhavam entre pernas apressadas em busca de afeto... Mas o homem é um ser realmente contraditório: ao passo que apregoa a solidariedade e estende simbolicamente a mão às outras espécies, so o faz quando lhe for rentável, ignorando-as completamente por um frasco de perfume francês. Em qualquer lugar, em detrimento do contexto, é o mesmo cenário que vemos, com a diferença de uns edifícios a mais ou a menos. E não serei hipócrita, isentando-me apenas porque fui capaz de olhar além das vitrines... A euforia capitalista também me dominou, mesmo que por alguns momentos.
Comprei perfumes caros, cosméticos e guloseimas. Após a extenuante sessão de compras, voltamos para casa ( sem contratempos ) com o sentimento de dever cumprido.
Mas isso não muda o que vi lá, e o quão hipócrita me senti e ainda sinto. É impressionante o quanto uma simples viagem altera nossa visão de mundo.
1 comentários:
Nossa... Que legal! Então o lugar continua o mesmo... Uma vez me aventurei por esses lados também e, realmente, o contraste é grande! Gostei muito do post.
Postar um comentário