sábado, 10 de setembro de 2011

Coisas que eu normalmente não diria em uma conversa casual, o que me mata

CANSEI.
Cansei de tentar me enquadrar. Isso nunca vai acontecer. Eu sou diferente.
Cansei de me desdobrar pra conseguir a atenção das pessoas, tentando me encaixar na moldura absurda que elas concebem como certa.
Festas de domingo a domingo? Nunca gostei e não é agora que vou começar, muito obrigada. Prefiro um bom livro, chocolate quente e conversas substancialmente interessantes.
Preocupação com aparência? Sou di-lua mesmo. Me arrumo quando quero e do jeito que EU quiser. E, quanto ao peso, quem é mais feliz: quem usa nove meias-calças pra ficar com tudo “em cima” e cinco sutiãs ao mesmo tempo pra fingir a falta de busto congênita das Carvalho ou quem aproveita momentos agradáveis ao redor da mesa? Tábua serve pra passar roupa, filha. Roupas? Servem para COBRIR o corpo: shorts do tamanho de calcinhas não são comigo, sorry. E existem lugares pra se vestir assim, tipo praia.
Música? Sem palavras do tipo “tchhuthuca”, “novinha” ou “te levo comigo” na letra, pelo amor de Deus. E, sim, ADORO música clássica, AMO rock – de verdade, tipo Metallica - e não me envergonho de gostar de Jonas Brothers e Carla Bruni.
Estudar? Estudo sim, PONTO. Preocupo-me com o meu próprio futuro, que não está garantido. Afinal, não nasci em um berço incrustado de diamantes. Quem abre os caminhos da minha vida sou eu própria. E não acredito que isso seja motivo para me sentir constrangida. Depender de papai e mamãe pelo resto da vida e não ter capacidade de fazer sequer a própria comida é o que me deixaria profundamente embaraçada. Agora, estudar todo santo dia? Pra quê, se posso me instruir com coisas consideravelmente mais enriquecedoras pra vida como um todo – e, me desculpem, mas o direito não vai tomar conta de todos os setores da minha vida, para que ela seja preservada, assim como a minha sanidade -, como literatura e boas conversas?
Garotos? Sim, sou uma grande fã deles, mas com um mínimo de massa cinzenta e que saibam conjugar alguns verbos, por favor. Namoro? “Que seja eterno enquanto dure”, preferencialmente com um prazo de validade previamente determinado que possa ser renovado de acordo com a vontade de ambos; não um mero status e muito menos um fardo, mas fonte de alegrias. E, sim, com a pessoa CERTA. Podem me chamar de clichê. Não acredito em príncipe montado num cavalo branco que aparece nos últimos oito segundos para salvar sua princesa (até porque eu estou longe de ser uma), mas quero sim alguém que tenha muito a ver comigo e que faça falta quando estiver longe. E que permita que o meu verdadeiro eu esteja sempre presente. E que não me sufoque.  Se soubesse escrever também seria ótimo. Ah, fyi, aquele “ficar” não é comigo. Um beijo pra mim não é só fonte de serotonina: é a concreção de um sentimento verdadeiro e quase tangível de tão intenso (e não é à toa que só beijei uma pessoa na vida e tenho orgulho disso, mesmo me envergonhando da bocó que fui nos últimos dois anos).
Amigos? Poucos, obrigada. Não acredito que seja possível cultivar uma amizade decente com quatrocentas pessoas (por mais que isso possa fazer com que tu pareças interessante, nos momentos de apuro as máscaras cairão, acredite-me). Mesmo se forem apenas uns 2 ou 3, que sejam pessoas com quem possa conversar a qualquer momento do dia, sobre qualquer coisa (seja sobre física quântica, o sentido da vida, medos pessoais ou o último filme da saga Harry Potter). Que me ajudem a crescer (não que me induzam ao constrangimento), que briguem comigo, que me façam pensar e transgredir quando minha consciência pudica demais me impede de fazer algo que lembrarei docemente pelo resto da vida, como pular um muro e jogar uma bexiga de suco de tomate na porta daquela vizinha chata que fica bisbilhotando a vida de todo mundo. Ah, e, sim: meus pais são dois dos meus melhores amigos e não tenho um pingo de vontade de esconder esse fato, como uns e outros por aí.
  Em suma: sou nerd, vegetariana (embora agora seja forçada a comer carne por causa de uma infeliz anemia), faço parte do Greenpeace, não tenho paciência com gente burra, acho que “dieta” é o pior palavrão existente na língua portuguesa, acredito que amigos sejam um dos maiores presentes que alguém possa ter (sendo as verdadeiras amizades escassas), valorizo minha família, falo com meus animais de estimação como se fossem bebês, não tomo refrigerante e nunca ingeri bebidas alcoólicas porque nunca senti vontade de experimentar, não viveria sem um livro por perto (até porque amo cheiro de livros), uso All Star com vestido, gosto de festas só de vez em quando, tenho uma afeição anormal por café, curto música de verdade, acolho a solidão como uma oportunidade de crescimento e reflexão e uso roupas que me servem.  
 Bem, antes que temam pela minha sanidade (que pode ter sido um pouco alterada pelas cinco canecas de café + remédio pra cólica), essas eram apenas algumas palavras que precisavam ser tiradas da minha mente antes que eu fosse soterrada por todo esse ambiente gossip-girliano (por mais que eu goste do seriado) que me circunda.
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